Embora já tenha ouvido falar da série Pretty Little Liars, nunca me interessei o bastante para encarar as 7 temporadas disponíveis. Portanto, meu primeiro contato com o trabalho de Sara Shepard foi quando escolhi As Elizas como nova leitura.

O que me chamou atenção inicialmente foram as comparações. As principais propagandas apontavam para um suspense tão bom quanto os de Hitchcock, de quem gosto bastante. Portanto, livro prometia ser um prato cheio para um dos meus estilos favoritos de narrativa e, veja só, a promessa foi cumprida!

As Elizas conta a história de uma jovem autora, Eliza Fontaine. Eliza é uma autora estreante que terá um livro publicado em breve. A obra, intitulada “As Dots” se torna, então, um livro dentro do livro e prossegue seu desenvolvimento de acordo com os acontecimentos misteriosos da vida de Eliza.

As narrativas são alternadas: nas passagens de As Dots, conhecemos a jovem Dot e sua tia, Dorothy, em uma ágil narrativa em terceira pessoa. As personagens em as Dots são bastante carismáticas e a situação que vivenciam acaba ligando facilmente o leitor a elas.

Já nas passagens de Eliza, narradas em primeira pessoa, a coisa é um pouquinho diferente. Eliza não é exatamente uma personagem com a qual conseguimos simpatizar facilmente, o que só é agravado pela sua possível loucura e comportamento autodestrutivo. Eliza, aliás, nem faz questão de parecer alguém agradável. Ela mesma aponta seus defeitos e denuncia diversas ações tomadas deliberadamente para prejudicar terceiros. Não vejam, porém, isso como algo negativo: a maior parte das ações e comportamentos fazem parte do desenvolvimento da personagem e a forma como Sara Shepard construiu isso foi realmente incrível.

Os personagens secundários também têm seu carisma, com destaque para o esquisitíssimo Desmond, que é uma mistura de galã feio com alívio cômico.

O livro mistura teorias da conspiração, suspense psicológico e um clima investigativo onde todo mundo pode ser suspeito de estar tentando assassinar Eliza.

A tradução é de Elisa Nazarin é de ótima qualidade, algo que realmente precisa ser apontado entre as grandes editoras nos últimos anos.

O volume tem 384 páginas e foi lançado apenas em e-book e brochura pela Harper Collins Brasil.
Se você for fã de cinema noir, talvez ache o final um tanto previsível. Aliás, o livro é cheio de referências ao cinema clássico e pode ser até considerado uma espécie de homenagem a ele, porém, adaptado para uma narrativa na Los Angeles moderna.

Mesmo se não estiver acostumado com as reviravoltas de suspenses e mistérios dos anos 40 e 50, certamente irá se deliciar com uma trama envolvente e cuidadosa, que deixa uma centena de pistas pelo caminho para que possa tentar resolver o mistério por conta própria.