Hoje temos a resenha de um dos livros mais populares da história e que deu origem ao filme de Steven Spielberg em 1985, contando Oprah Winfrey como Sofia, Whoopi Goldberg como Celie e Danny Glover como Albert.
A história é narrada por Celie, que em cartas destinadas a Deus (e também a sua irmã Nettie) conta tudo sobre sua vida de 1900 a 1940. Pobre, semi-analfabeta, negra tem uma vida sofrida, porém, nunca perdeu as esperanças de algo melhor. Estuprada pelo pai desde criança, acaba engravidando ainda cedo e tem dois filhos, porém, ambos são adotados por um casal de missionários de classe média. Ainda jovem é obrigada a casar com um viúvo chamado Albert, quem na verdade estava interessado em sua irmã, porém, seu pai (que futuramente descobrimos ser padrasto) por interesse sexual na mesma, acaba entregando Celie, dizendo que ela seria uma esposa melhor. O relacionamento dos dois acaba sendo completamente abusivo (tanto que ela o chama de Sinhô), além de ser tratada como escrava e obrigada a cuidar dos filhos de Albert, a quem ele mesmo não dá muita atenção, mas, Celie, apesar de ser tratada de forma revoltante, sempre trata os enteados bem. Uma fato curioso sobre Albert é que ele trata Celie assim por conta de sua forte paixão por Shug Avery, sua amante. Que, ironicamente, após muito tempo sem verem, ela aparece doente e ele a convida para morar com sua família. Esse fato em si já é bem revoltante, pois ambos tem relações sem se importar com Celie e, apesar de ser ela quem cuida de Avery. ela nutre uma grande raiva por sua cuidadora, que não se importa com isso. Nesse momento, Celie conhece sua história e vê que Avery quer ser muito mais do que a sociedade diz que ela deve ser, ela quer ser mais do que uma cantora negra e é através desse espírito de Shug que Celie vê a importância da liberdade. Ambas acabam tendo um caso (e, por sinal, lindo) que envolve companheirismo, amor e confiança. Realmente, é uma das partes mais lindas do livro, pois Avery acaba ensinando para Celie o valor das coisas que lhe foram roubadas e assim ela vai tentando mudar seu caminho e criando um certo mecanismo de defesa para bloquear todo o ódio de Albert. Não tenho costume de ler livros fortes assim, mas foi um dos melhores livros que já li. Não se trata de um livro feliz e está longe de ser. Não há contos de fada, nem príncipes. Ele trata de coisas reais: machismo, opressão, racismo, a descoberta do amor e da sexualidade. Ele nos mostra como podemos ser fortes quando necessário. Quanto a escrita: achei um pouco complicada, pois, como é contada em cartas por Celie, que é analfabeta, então, há vários erros de português e em algumas vezes achei complicado entender o que estava escrito. Contudo, acredito que o objetivo da escritora é aproximar o leitor da realidade da protagonista, e consegue isso com sucesso. Os personagens são ótimos, sentimos empatia por eles logo nas primeiras páginas. Não tem como não se apaixonar por e torcer para que superem as dificuldades. É um livro que merece ser lido e traz várias reflexões sobre a vida, ainda mais por mostrar a realidade como ela é. Recomendo à todos.