Apesar de suspense, terror e noir estarem entre meus gêneros favoritos, tenho uma queda (enorme) por aqueles dramas clichês que fazem a gente chorar. Como você já começa a descobrir no início do filme, é exatamente para isso que Perfeita pra você foi feito: chorar.
Para o seu primeiro longa-metragem, a diretora Stephanie Laing escolheu uma história simples e tocante. O filme conta como Abbie (Gugu Mbatha-Raw) e Sam (Michiel Huisman), um casal jovem que vive em Nova York, descobre que seus planos para o futuro terão de ser adiados. Eles se conhecem desde a infância, estão de casamento marcado e desconfiando de uma gravidez. Tudo parece estar dando certo para os dois. Ao menos até Abbie descobrir que não está grávida, mas sim com três tumores no útero. A partir deste momento, ela decide que não pode deixar Sam viver sozinho. Por ser a namorada dele desde sempre, ela imagina que ele não será capaz de encontrar alguém por conta própria e começa a procurar uma mulher que possa ser perfeita para ele.
Estas informações estão no trailer e na sinopse, então não se assuste. Não é nenhum spoiler. O filme, que é um original Netflix lançado em fevereiro de 2018, é mais sobre como Abbie vai aprendendo a lidar com um futuro muito diferente daquele que planejou, sua busca por uma nova companheira para o namorado e como isso tudo afeta a vida dela e a de Sam.
Apesar de todo o drama envolvido, em pouco mais de uma hora e meia há espaço para algumas risadas, um tanto de romance e até para o florescer de amizades improváveis. Quando fui marcá-lo como visto no filmow, fiquei um tanto surpresa pelos comentários persistentes sobre o clichê do filme.
É claro que comentários assim não são de todo despropositados, mas enquanto citavam P.S. Eu Te Amo e Um Amor para Recordar como se fossem precursores de alguma coisa, parecem esquecer que Ali MacGraw e Ryan O’Neal já não contracenavam sobre nenhuma novidade ao gravar Love Story em 1970. Filme que, coincidentemente, começa de uma forma bastante semelhante: dizendo logo de cara que é a história sobre uma mulher muito jovem que perdeu a luta contra o câncer. Em grau de comparação, talvez Love Story esteja bem mais perto da essência de Perfeita pra você que qualquer outro filme com a mesma temática.
Até mesmo porque vários aspectos ligam os dois filmes. Ambas as protagonistas, com quase 50 anos de separação, iniciam a descoberta da doença com o mesmo drama: uma gravidez.
“Eu quero tempo, o que você não pode me dar.” | Cena de Love Story (Arthur Hiller, 1970)
Aliás, para os fãs de Love Story, A Culpa é da Estrelas, P.S. Eu Te Amo, Um Amor para Recordar, Minha Vida Sem Mim, ou até Tudo Por Amor (um clássico dos anos 90 que acabou passando vezes demais na sessão da tarde), Perfeita pra você pode ser uma ótima escolha. Ao menos quando se quer assistir algo com uma carga de drama, mas sem deixar romance e pitadas de comédia de lado.
A temática “Romances dramáticos com doenças terminais” até pode ter se tornado cada vez mais comum nos últimos anos. O problema é que a incidência – ou ao menos o diagnóstico – dessas doenças também. E é claro que cada filme tem um novo aspecto a abordar e algo a acrescentar.
Além do mais, o filme é tecnicamente bonito. Tem uma fotografia bacana e o roteiro acima da média da maioria dos romances água com açúcar. Além de uma maravilhosa participação de Christopher Walken que, na minha opinião, é uma das partes mais bacanas do filme.
Se você quer chorar e não liga para clichês, é um filme para você.
O filme está disponível na Netflix e você pode assistir o trailer aqui: