Olá geeks, tudo bem com vocês? Hoje eu venho falar de um assunto sério, o preconceito que as pessoas tem contra o estilo anime/mangá. Porque eu resolvi falar disso? Por que eu cansei de escutar as pessoas julgando sem ao menos saber mais sobre. Se você gosta de anime e também sofre com isso venha ler, e se você não conhece venha saber mais.
Eu gosto muito de animes e mangás desde que me lembro. Sei que comecei com Inuyasha e logo minha lista foi se estendendo. Acontece que pessoas que não tem contato com esse meio vão lhe achar estranho, vão te julgar e logo estarão falando que você é muito esquisita(o) por gostar dessas coisas.
Já perdi a conta das vezes que disseram que eu vivia no meu próprio mundo, que meu mundinho não era redondo e sim quadrado. Ou então que isso é coisa de criança, ou às vezes, até da minha mãe “você fica o dia todo vendo essas besteiras, não sei como dá conta“.
Simples: eu vejo porque eu gosto. As pessoas veem as coisas que elas gostam então porque eu não posso fazer o mesmo? Porque garotos que assistem são chamados de virgens ou até mesmo de bixas? Isso é tão ridículo. Estou simplesmente cansada dessa sociedade que só critica e não busca conhecer o desconhecido. Ou pior degradam aquilo que não conhecem, apenas colocam o rótulo de “esquisito” e pronto. Eu pensei que entrando na faculdade, ainda mais o curso de Design Gráfico eu não veria esse tipo de discriminação, mas infelizmente é um lugar infestado de pessoas assim. Pessoas que dizem que se você só desenha nesse estilo não irá crescer. Pessoas que dizem para você mudar, gente que ainda diz “anime é coisa de babaca“. Sério mesmo? Minha vontade é de fugir desse mundo de pessoas hipócritas. Eu sempre tentei ignorar o máximo essas pessoas, mas teve um caso em que eu não consegui. Foi em uma aula de ilustração, fui mostrar meu desenho para a professora para tirar algumas dúvidas. Seu dedo subiu pelo corpo do meu personagem e parou nos olhos. Logo ela disse: Ah! Você é uma mangazeira. Você não pode se prender a isso porque não irá te levar para frente. O mangá é como um namorado que não lhe deixa ser livre, que te prende àquilo. Você não cria, você copia. Eu me senti muito mal, o pior foi ver um aluno que desenhava muito bem concordar com ela, dizendo que assim eu não iria para frente. Minha vontade foi de gritar e dizer E DAÍ? Eu GOSTO de desenhar no estilo mangá! Os outros estilos não me interessam tanto, eu gosto assim e pronto! Sem falar que o traço de um mangaka muda completamente para outro, vou lhes dar uns exemplos:
Perceberam a diferença? O primeiro mangá é Freezing do autor Lim Dall Young e ilustrador Kwang-Hyun Kim, o segundo é o mangá Fairy Tail do autor Hiro Mashima, e o terceiro é Watashi ni XX Shinasai da mangaká Tooyama Ema. Então, por favor, parem de dizer que é tudo a mesma coisa pois não é! Parem de dizer que é coisa de criança, de virgem, porque essa é a maior baboseira que já ouvi na minha vida. Claro que tem aqueles que são feitos para criancinhas mesmo, pois apesar de tudo cada mangá/anime tem a sua faixa etária, há aqueles feitos para crianças e aqueles feitos para adultos. Atualmente eu tenho 20 anos e até hoje eu vejo animes e mangás, principalmente mangás. E até hoje eu vejo a imensa discriminação das pessoas.
Abaixo vou deixar também o depoimento da autora Hidaru Mei que também já sofreu esse tipo de preconceito.
Que os animes (desenhos animados japoneses) e mangás (histórias em quadrinhos japonesas) são um fenômeno de sucesso no mundo inteiro, isso todo mundo já sabe. Desde que Osamu Tesuka, conhecido como o “pai dos quadrinhos” no Japão, criou os personagens magricelas (em contraste com os heróis musculosos e surreais das HQs americanas) e de olhos grandes e expressivos (inspirados nos personagens da Disney), o mangá tem sido sucesso por onde passa. Mas isso, infelizmente, não impede que algumas pessoas tenham preconceito contra esse estilo de arte. A “culpa” disso seja talvez como o anime e o mangá chegaram pra gente, isso por volta dos anos 80-90. A grande maioria – títulos consagrados como Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball, Yu Yu Hakusho, Pokémon, dentre outros – eram da categoria shonen – títulos dedicados principalmente a meninos, na faixa etária dos 12 aos 14 anos. Isso criou a falsa impressão de que TODOS os desenhos japoneses são “iguais”. E isso também gerou diversas críticas: os animes eram considerados “violentos”, para serem assistidos por crianças. Com isso, ao longo dos anos, os animes acabaram por perder espaço na TV aberta (mas em compensação, ganhando milhões de fãs na era da Internet, com Crunchyroll e Netflix. Hahahaha.) Outros ainda acusam os animes de terem “demônios”, o que seria uma afronta à igreja e a religião. Mas basta pesquisar e saber mais sobre estas obras para entender o real contexto. Vamos lá. Primeiro: NEM TODOS os animes são para meninos de 12 a 14 anos. Aqui no Brasil, geralmente ao vermos algum desenho, só classificamos como “Infantil”. Não há mais nenhuma segmentação. No Japão, isso é muito melhor estruturado, e além de termos desenhos para meninos e meninas, temos também divisão por faixa etária. Assim, temos desde os animes bem infantis mesmo, para crianças pequenas (4-10 anos) até pra os pré-adolescentes (12-14 anos), adolescentes e também, adultos. Essa é outra grande diferença: aqui, achamos desenho “coisa de criança”. Mas a indústria de animes e mangás no Japão é tão ampla e diversificada como o cinema, e também abrange os adultos. E essa é a segunda grande diferença: nem TODOS os animes são de luta e aventura, por exemplo. Existem títulos de ação, terror, romance, comédia, ficção científica, drama, esportes, e milhares de outros gêneros. Então, se você achou aquele desenho japonês muito “inadequado para crianças”, é simples: ele é inadequado mesmo. Nem todo desenho foi feito para crianças. É só procurar na categoria certa. Outra questão é a religiosa, e isso eu vivi um caso real. Quando eu era professora, ministrei uma oficina de desenho mangá na escola onde eu dava estágio. A oficina foi muito legal e todos os alunos que participaram gostaram; mas, quando, antes da oficina ser realizada, convidei uma funcionária da escola a trazer sua filha, ela disse que não a traria por que aqueles desenhos eram “do demônio”, e apontou uma imagem do Pikachu. Ok. Com certeza absoluta, o Ken Sugimori não quis ofender a religião de ninguém quando desenhou os Pokémons. Aquilo é uma ficção. A gente sabe que Pokémons não existem na vida real, e se sua religião crê que Deus criou os animais que existem na Terra, tudo bem; ninguém está dizendo nada contra. Os Pokémon são só uma ficção, uma fantasia. Assim como os dragões, fadas e tantos outros elementos fantásticos presentes em filmes da Disney e tantas outras obras ocidentais. O desenho Yu-gi-oh também foi altamente “perseguido” – pela mídia, inclusive – por apresentar cartas de “demônios”. Quem visse o desenho legendado original ia saber que eles usam, na verdade, o termo “youkai” – que não tem tradução exata, e se refere à criaturas mitológicas da cultura japonesa, assim como nós temos o Saci Pererê, por exemplo. “Demônio” é a expressão mais utilizada nas traduções, mas nada tem a ver com termos usados na Bíblia. Foi outro mal entendido. (E, mais uma vez, entra a questão da faixa etária: Yu-gi-oh NÃO é um desenho pra crianças PEQUENAS. O Rei Caveira poderia assustar uma criança menor, por exemplo. Fica a dica.) E terceiro, vem a questão da arte. Há até um certo preconceito contra quem desenha nesse estilo. Muita gente até hoje acha que anime são aqueles-bonequinhos-de-olho-grande. Mas quem pesquisar, vai ser que nem todos tem olho grande por exemplo (Death Note mandou beijos.