Lançamento de junho de 2018 da Harper Collins, Os Imortalistas é um livro surpreendente, maravilhoso, e que aqui no Cantinho Geek pode ser seu. Leia mais sobre ele na nossa resenha e participe do nosso sorteio de top comentaristas do mês clicando aqui. Aproveite para participar enquanto ainda dá tempo!

No livro, que já figurou a lista de mais vendidos do The New York Times, os quatro irmãos Gold são parte de uma família judaica que vive em Nova York. Embora isso possa parecer algo bacana visto hoje, no ano de 1969 não era bem assim. Nova York era uma cidade bastante perigosa e diferente do polo turístico atual. Filhos de uma secretária e um alfaiate, os Gold não tinham muito dinheiro e dividiam um quartinho apertado, onde duas beliches se espremiam e exigiam um contato muito próximo, mesmo que eles tivessem personalidades muito diferentes. Varya, Daniel, Klara e Simon ainda estão entre a infância e início da adolescência. Cada um tem uma característica distinta: Varya é a irmã certinha, Daniel o rapaz corajoso, Klara a mocinha que quer saber mais sobre as raízes da família e adora mágica e Simon, o caçula de apenas 7 anos, é o queridinho de todos. Eles visitam uma vidente que diz ser capaz de prever quando cada um deles irá morrer. A exigência dela, porém, é que cada irmão tenha sua consulta individualmente. Por isso, durante muitos anos, os irmãos Gold não sabem o que a vidente disse para cada um. A questão “se você soubesse a data de sua morte, como viveria sua vida?” aparece na sinopse do livro e é quase um resumo da temática dele. Escrito inteiramente em terceira pessoa, Os Imortalistas é dividido em 5 partes. Cada uma focada em narrar a vida de um dos irmãos Gold e contando como o encontro com a cartomante afetou individualmente o destino deles. Através dos Gold, conhecemos intimamente a realidade de diversas partes dos Estados Unidos desde os anos 70 até o momento atual. Convivemos com seus medos, dúvidas e a ansiedade crescente por uma data onde tudo terá um fim — mesmo sem saber com certeza se a profecia se concretizará ou não. É impossível não se pegar torcendo para que a vidente seja apenas uma charlatã. O livro faz com que você se apegue à família e torça pelos Gold, ou pelo menos pela maioria deles. Apesar de o nome trazer uma ideia um tanto mística para o livro, ele é muito calcado na realidade e traz principalmente elementos de drama e um tanto de suspense. Em alguns momentos, você chega a quase esquecer que há uma contagem regressiva para cada personagem e acaba focando nos dramas atuais de cada um deles. Há também uma série de pequenas adições interessantes e que podem variar muito de personagem para personagem, como o mundo da dança, do vaudeville, ilusionismo, pesquisas genéticas, além de discussões importantes, como alcoolismo, depressão, suicídio, homofobia, maternidade, TOC e a forma como o HIV surgiu nos anos 80. Tudo tratado de forma respeitosa e responsável. A trama toda claramente envolve muita pesquisa e cuidado para amarrar alguns momentos com acontecimentos históricos. A própria autora, inclusive, trata de nos confundir  um pouquinho, mas sem nunca deixar de solucionar plausivelmente e amarrar cada ponta que tenha deixado solta. Li o livro em apenas um fim de semana e me apaixonei pelas melhores características de cada um dos Gold. Não dá pra deixar de citar que a Harper Collins caprichou nessa edição! Como podem ver nas fotos, ela foi feita em capa dura e impressa em papel de ótima qualidade. A arte de capa é linda e tem um acabamento fosco charmoso, mas que pode deixar marquinhas de dedos na superfície. De qualquer forma, basta um pano levemente úmido para deixá-la como nova outra vez. Talvez a capa e sinopse dêem uma falsa impressão de algo mais voltado para o terror ou suspense sobrenatural, então é importante deixar claro que não é o caso. Os Imortalistas é um drama familiar muito mais agarrado à realidade, mas com doses de suspense e até de investigação policial. A diversidade temática pode abraçar muitos públicos, uma vez que acompanha os personagens que transitam desde a adolescência da década de 80 até os dias atuais. Esse é o primeiro livro de Chloe Benjamin traduzido para o português brasileiro, mas seria um desperdício se fosse o único (fica a dica, viu Harper Collins Brasil?). A tradução, aliás, foi muito bem feita e adaptada para a nossa língua, o que torna a leitura mais fácil e agradável.