Olá pessoas!

A resenha de hoje é sobre um romance de espionagem eletrizante e detalhista que virou filme este ano, que logo mais terá um post dedicado a ele aqui no blog. O livro Operação Red Sparrow, publicado anteriormente pela Arqueiro sob o título de Roleta Russa, foi escrito por Jason Matthews, um integrante da Diretoria de Operações da CIA aposentado, então você já pode esperar por muitos detalhes e profundo conhecimento da ambientação que circunda a temática de espionagem e inteligência operacional.

O livro se centra na história de Dominika Egorova, uma bailarina em ascensão, integrante do grupo Bolshoi, um dos mais conhecidos do mundo e certamente o mais famoso da Rússia. Uma dançarina muito talentosa, ela é ganha sempre papéis de desta que nas apresentações da companhia, o que atiça a inveja de colegas do grupo. Neste contexto, um casal de colegas planeja uma sabotagem, quebrando uma das pernas de Dominika por “acidente” num ensaio, tornando-a incapaz de seguir dançando. As consequências do acidente são tais que ela passa a apresentar um leve mancar enquanto anda. Sua vingança não tarda a chegar sobre os dois traiçoeiros que macularam para sempre sua carreira. Mas como se não bastasse isso, Dominika perde o pai logo em seguida. Tendo que ajudar a mãe que não tem condições de se sustentar, a russa acaba cedendo ao tio Vanya, vice-diretor da SVR, o serviço secreto russo, herdeiro da KGB do período stalinista. Num primeiro momento, Dominika se junta a organização e começa o seu treinamento como operadora, no qual tem muito destaque. Mas depois o tio a obriga a frequentar a Escola de Pardais, um treinamento para táticas de sedução a serem usadas no trabalho como ativo da inteligência. Dominika passa por este treinamento muito contrariada, e já tendo alguma bagagem de serviço com o tio, é mandada para operar um agente americano da CIA, que estaria coordenando um informante russo, no alto escalão do SVR, o qual ela deve descobrir a identidade.  Paralelamente, somos apresentados a Nathaniel Nash, o tal agente da CIA, que faz uma besteira numa estratégia operacional e acaba pondo em risco este importantíssimo informante russo. Por isso, ele é despachado para Helsinque, na Finlândia, e afastado do caso por uns tempos. Lá ele trabalha com Forsyth e Gable, dois agentes já com muito tempo de carreira e que já sabem de muitos pormenores da profissão. Em sua estadia em Helsinque, ele acaba conhecendo uma russa para lá de atraente numa piscina pública que ele frequenta, e que logo ele descobre ser sobrinha do Vice-diretor do SVR, Surge então o plano de recrutá-la como informante.
É nesse jogo de gato e rato, que ora um é a caça e ora é o caçador, que se desenrola a narrativa do livro. A química entre Nash e Dominika é palpável, e as interações entre eles acabam começando a extrapolar os limites profissionais. Com esses dois tendo que lidar com isso ao longo da trama, temos alguns momentos apimentados, para quem gosta de um romance mais explícito. Eu particularmente gostei bastante, pois faz muito sentido no contexto da narrativa, e a relação entre romance e proibição é algo que eu acho sempre muito intrigante. O detalhismo, proveniente da experiência vasta do escritor Jason Matthews, que como dito acima, foi ele mesmo um profissional da inteligência americana, é muito interessante e enriquece muito a história. Os meandros da espionagem tem algumas especificidades que vão além do que normalmente se sabe de filmes e obras escritas por pessoas que não tem experiência e conhecimento das táticas e estratégicas operacionais que comumente são empregadas. O bacana disso é que a narrativa não fica uma coisa surreal, com aparatos tecnológicos ultramodernos e fictícios, mas se atém aos fatos e às particularidades do processo investigativo, incluindo as abordagens, a vigilância, os relatórios, as técnicas de contravigilância e a expertise de ficar sob controle dos pequenos detalhes que podem entregar toda a operação.
A narrativa num primeiro momento constrói o alicerce para a ação, em que ela apresenta os personagens, as personalidades, um pouco da história e da motivação, o que pode ser um pouco lento para alguns, mas eu gostei bastante. Depois, quando a ação (e o romance, diga-se de passagem), começam a se desenrolar a história fica muito envolvente e não dá vontade de largar o livro. Eu admito que tem alguns arcos que demoram a fazer sentido, pois, como o livro é narrado em terceira pessoa, o autor se permite deixar de lado os personagens principais em alguns trechos para apresentar personagens que só depois entenderemos qual a importância na trama. Mas de modo geral, Matthews não dá nenhum ponto sem nó e nos mostra qual a função de cada personagem que apresenta.  Acho que o livro é bem interessante ao misturar diferentes gêneros, então pode agradar quem gosta de espionagem, gênero policial, romance, ação, algum drama familiar também, e histórias bem desenvolvidas, em que se tem um mergulho no percurso da personagem principal. No final eu fiquei meio triste, mas é mais uma questão sentimental mesmo, não tem nada a ver com a qualidade da narrativa. Tem um detalhe muito louco também: no fim de cada capítulo tem uma receitinha de algum dos pratos que são consumidos pelos personagens ao longo do livro. É meio nada a ver com o contexto, mas é legal para você que quando assiste um filme ou lê alguma coisa fica louco para comer o que as pessoas estão comendo. Aqui pelo menos você tem uma chance de tentar reproduzir os pratos hehe. E caso você não goste da história, pelo menos te sobra um livro de receitas!
Não sei se entrou na minha lista de preferidos, mas não tem falhas significativas que desmereçam a história. No mais, é uma boa pedida para você que quer ser surpreendido por uma narrativa profunda e bem pensada, sem tanto dos clichês 007 em que o sapato do cara também é um telefone, essas coisas hehehe! Enfim, quem tiver a oportunidade de ler ou já tiver lido ou mesmo visto o filme, deixa nos comentários aí para eu saber o que acharam.