Ontem o filme Death Note estreou na Netflix e hoje convidei meu namorado para assistir comigo. Já aviso que este post pode vir a ter spoiler do filme e do anime, pois quero falar bem sobre. Claro que minhas expectativas estavam lá embaixo pois já sabia que o filme não era nada fiel ao anime/mangá. Eu já vi o anime, mas meu namorado não conhecia e enquanto eu estava rindo ou achando absurdo certos aspectos, ele estava gostando. Foi aí que parei e pensei comigo mesma, será que não estou me permitindo gostar do filme?
O filme tem nuances de alguns momentos do anime, mas obviamente não é nada fiel ao americanizar os personagens, trocar personalidades, e claro, alterar o enredo principal. Mas essa já não era a ideia desde o princípio? Afinal, eles se basearam na obra original. Não é o mesmo que autores contemporâneos fazem com vampiros? Todos eles tem a base em Drácula e ao longo dos anos foram se modificando indo de vampiros que viram pó ao aparecer no sol até vampiros que brilham no sol, e ambos tem fãs, ambos são bons – claro que prefiro Drácula, mas não acho Crepúsculo um filme lixo, só foi feito para um público alvo diferente. Sendo assim, para aproveitar o filme você deve se esquecer da história original, pegar os elementos que envolvem o Death Note e aproveitar o longa. Para quem nunca viu o anime vou dar uma rápida explicada antes de ir direto ao filme. Em Death Note – o anime, temos Light, um brilhante estudante que encontra um caderno onde se você escrever o nome de uma pessoa ela irá morrer, dá para especificar a morte entre várias outras coisas. Esse Light, lê todas as regras e as usa ao seu favor, ele quer modificar o mundo, torná-lo melhor livrando-o de todas as pessoas ruins, com isso ele começa a usar o Death Note para matar criminosos. Até que muitos começam a morrer e a polícia quer identificar quem é “Kira” – como ele se autodenomina. Light é extremamente frio e calculista, além de ser muito, mas muito inteligente, e assim um detetive de codinome L. começa a investigá-lo, e aí começa um jogo de estratégias, sendo que L. quer pegar o Kira e Kira quer matar o L. No anime, o Death Note pertence ao shinigami – deus da morte – Ryuk. Light o acha e isso o faz com que o caderno seja dele, mas quem tocar no caderno poderá ver o Ryuk, assim, ele o guarda a sete chaves. A Misa – uma garota apaixonada por Kira – tem um Death Note também e faz tudo o que o amor da sua vida, Kira (Light), mandar. Claro que ele não ama ela e a usa o tempo todo, enquanto Ryuk só assiste o espetáculo e não influencia em nada. Não vou me alongar mais, mas acredito que saber disso já é o suficiente. No filme temos um enredo totalmente diferente, o Light é influenciado por Ryuk a mudar o mundo e acaba contando para a Mia (Misa do anime) o que o Death Note faz, aqui ela não tem um Death Note e se ela pegar no caderno ela não vê o Ryuk. E juntos eles começam a matar os criminosos, confesso que as cenas de morte foram esplêndidas, podendo causa incômodo para quem não gosta de violência já que é bem pesado.
O Ryuk no filme é um pouco assustador e infelizmente não mostra muito o seu rosto, eu adoraria poder vê-lo. O nosso casal perturbado fica ainda mais perturbado quando um investigador L. começa a ameaçá-los, só que Light tem limites, mas Mia não – o que a torna bem mais perigosa que o Light e em vários momentos eu desejei a morte dela, de ambos na verdade – confesso que nunca fui fã do Kira e sim do L. O L manteve sua personalidade por um bom tempo do filme – calmo, a forma de sentar e o amor por doces – mas essa linha se perde quando um companheiro seu é ameaçado, ele fica descontrolado, algo que não faz parte da personalidade original do personagem, mas tudo bem. Estava de acordo conforme com a linha do filme.
Outra coisa que vi o pessoal reclamar era que o filme era um romance adolescente idiota e quando terminei de ver o longa eu não entendi a parte em que isso era um romance adolescente. Em momento algum teve um romance, houve sim uma relação doentia entre dois psicopatas, mas amor não, muito menos um romance adolescente – a não ser que os jovens de hoje em dia sonhem em se encontrar com uma pessoa louca e matar pessoas juntos. Há beijos, claro que há! O filme é adulto, eles são namorados, mas em momento algum me senti vendo um filme de romance. Death Note traz um clima perturbado e algo com quem diz “não foi confie nas pessoas”, e bem, achei apropriado. Concluindo, Death Note só será bom se você se permitir apreciar. Ele está muito longe de ser comparado com Dragon Ball Evolution – que cá entre nós é uma porcaria. Death Note não é fiel, não é uma adaptação e sim um longa baseado na obra original, desta forma, eu diria sim que é um bom filme e com ótimas cenas – adorei as mortes!
“Mas Géssica e como fã, você não está chateada?” – Claro que estou! Eu como fã de animes e mangás, sempre irei esperar um filme fiel a história original – o que nunca acontece. Mas como fã também devo apreciar uma obra quando é boa, devo simplesmente esquecer o Death Note original e aproveitar esse novo leque – como um universo paralelo – criado pela Netflix. Adoraria ver filmes fieis aos originais, mas enquanto isso não acontece, devemos ao menos esperar obras boas originadas deles, e acredito que nisso Death Note cumpre o seu papel. Cada um vai ter a sua própria opinião, aqueles que nunca viram o anime irão amar e provavelmente não vão fazer nenhuma crítica, os fãs cairão com estacas e paus, mas devemos abrir nossa mente e nos permitir aproveitar algo para depois disso tirar nossa próprias conclusões, não é fácil, você tem que se desvincular, mas isso é bom. Assista e me conte o que achou!