Olá geeks. Essa semana eu postei aqui a resenha do livro da Editora Arqueiro em que foi embasado o filme Operação Red Sparrow de 2018. Hoje trago para vocês uma avaliação do filme. 
O filme tem como atriz principal a Jennifer Lawrence interpretando Dominika Egorova, que você deve conhecer pela série Jogos Vorazes, mas que tem uma carreira interessante com filmes de diferentes estilos como Mãe!, o novo filme do Darren Aronofsky ou o premiado do Oscar, O lado bom da vida. O outro protagonista, interpretando o personagem Nathaniel Nash é o não tão conhecido Joel Edgerton, que geralmente faz papéis coadjuvantes, e que pode ser encontrado no papel de Nick Jacoby no filme Bright  da Netflix. O filme traz também Matthias Schoenaerts no papel de Ivan Egorov, o tio de Dominika, e o britânico Jeremy Irons no papel do General Korchnoi. A direção ficou por conta de Francis Lawrence (que não tem parentesco com a Jennifer) que foi responsável por produções como Eu sou a Lenda  e já havia trabalhado com a atriz nos três últimos filmes dos Jogos Vorazes, sendo que ele só não dirigiu o primeiro.  O enredo é semelhante ao livro, ao menos a princípio. Temos Dominika, uma bailarina russa da companhia Bolshoi cujo o pai já faleceu e a mãe está doente. Ao sofrer um acidente durante uma apresentação, a moça quebra a perna e fica impossibilitada de continuar dançando. O problema é que a companhia financiava o apartamento e os cuidados da mãe dela e agora ela não tem o que fazer ou para onde ir. Seu tio Ivan é o vice-diretor do SVR, o serviço de inteligência da Rússia. Percebendo a situação de fragilidade da menina, o tio revela que o seu acidente na verdade foi uma sabotagem e a convida para trabalhar com ele em um caso importante, em que ela deve substituir o celular de Dmitri Ustinov.  Não vendo nada muito perigoso na tarefa, Dominika aceita colaborar com o tio em troca dos cuidados de sua mãe. Mas o tio a engana e usa da menina para baixar a guarda de Ustinov e assassiná-lo, quando ele ainda está sobre o corpo dela na cama. Enojada com tudo isso, Dominika ainda é forçada a continuar, não vendo outra saída para sua mãe, e é mandada diretamente para a Escola de Pardais, onde aprende as técnicas de sedução e recebe treinamento para se tornar uma ativa operacional. Sua primeira missão após a formação como pardal é seduzir o agente americano da CIA, Nathaniel Nash, que é o operador de um informante russo de alto escalão no SVR. No meio disso tudo, eles acabam se envolvendo, ele tentando recrutá-la como informante e ela tentando descobrir a identidade do espião russo. O espião confia apenas no Nate, o que faz com que seja muito difícil transferir o contato para outro agente, mesmo Nate tendo colocado o ativo em perigo logo no início da trama.  Nesse começo ainda é tudo muito próximo do livro, embora já tenha algumas diferenças, como o nome do tio da Dominika, que no livro é Vanya e no filme é Ivan. Mas primeiro vamos discutir um pouco o filme, e depois eu falo das semelhanças e diferenças com o livro. O filme tem duas horas e vinte minutos de duração, então é até bem longo, mas ainda assim as coisas se passam meio rápido, já que são muitas informações, se for pensar que o livro tem 423 páginas. Nisso, a adaptação acabou perdendo a profundidade dos personagens, alcançando um score de 48% no Rotten. O consenso geral foi que, apesar de uma performance comprometida da Jennifer, o filme não consegue superar os personagens rasos e enredo confuso.  Achei a crítica meio pesada, mas realmente, o destaque em termos de atuação é a Jennifer, enquanto Joel fica um pouco apagado no papel de Nathaniel. O filme é um pouco confuso, e talvez eu não tivesse entendido algumas coisas se não tivesse já lido o livro antes, mas ele ainda é um bom entretenimento e tem algumas sacadas interessantes em relação ao livro. Não diria que é um filme cansativo, mesmo sendo bastante longo, o que também é um ponto positivo. No final, creio que ele consegue surpreender em alguns aspectos do roteiro, tanto para quem já leu quanto para quem nunca leu o livro, até porque ele faz umas adaptações bem drásticas em especial no desfecho. Eu gostei também do personagem do Ivan Egorov, interpretado pelo Matthias, como dito anteriormente. Ele não tem tanto tempo de tela, mas entrega um trabalho bacana, e te faz se envolver um pouco com o personagem. E na verdade, me fez até gostar um pouquinho dele, apesar de ele ser aproveitador e estar pensando mais em si mesmo que na segurança da sobrinha. Uma coisa que eu esperava mais foi do romance de Dominika e Nate no filme. O envolvimento deles é apresentado de forma rápida, e os atores até que tem uma certa química, mas isso não é tão explorado no filme. A sensação que dá é que Dominika aparenta estar mais envolvida que o Nate (talvez pela atuação), o que até tem certo respaldo no livro, mas daria para investir mais nisso, em especial do meio para o fim do filme. O General Korchnoi, interpretado por Irons, também fica meio a ver navios nesse filme, o que é uma pena, já que sabemos que o ator já teve trabalhos excelentes. Mas eu entendo também que não dá pra destacar todo mundo num filme, que tem bem menos espaço para explorar os personagens.  Mas como entretenimento, o filme vale a pena, se você não for uma pessoa muito detalhista que se apega muito a esses pormenores. Diferente do livro, nesse caso eu não recomendo assistir quem vai mais pelo romance, porque é bem mais fraquinho. Continua sendo, no entanto, um bom filme de espionagem e de novo, sem aquelas coisas exageradas e cheias de tecnologias doidas que a gente geralmente vê. Agora, vamos às comparações dos pormenores com o livro. Já desde o início temos algumas diferenças marcantes, como por exemplo, o fato do pai de Dominika já estar morto quando inicia o filme e a forma como ela descobre a sabotagem dos colegas da companhia de balé. Mas aqui, para mim, sem muitos prejuízos. A formação de Dominika no SVR também é ocultada no filme, no qual ela vai direto para a Escola de Pardais, onde ela vai ter que ralar para acompanhar os colegas que já têm treinamento prévio.  Um dos problemas principais para mim é a relação de Dominika com a personagem Martha, que no livro é uma amiga dela e uma importante motivação para sua visão do serviço de inteligência russa, é comprimida em algumas cenas e distorcida numa relação de desconfiança e traição. Uma outra questão que me incomodou, como eu já disse, foi o romance de Nate e Dominika, que é resumido demais e fica uma coisa meio fria. Tem várias outras pequenas mudanças, como a apresentação de uma personagem que no filme já acontece no começo e que para mim também deu uma estragada no arco e na narrativa além de outras coisas que não vou falar aqui para não dar muito spoiler.  Mas o final é totalmente diferente, o que eu até gostei, pois ajuda a aprofundar a personagem de Dominika, tornando-a menos passiva, o que em alguns momentos acontece no livro, e nos faz pensar em alternativas interessantes para alguns personagens. Além disso, acrescenta uma nova visão para quem leu o livro, uma razão que faz compensar assistir o filme, mesmo já sabendo de algumas coisas que acontecerão. Outra coisa bem bacana para mim foi ter substituído o Forsyth por uma mulher, que é a chefe de Nate, já que os personagens de importância no livro são quase todos masculinos, tirando a Dominika e talvez a Martha.  Pesando todas essas questões, acho que ainda compensa ver o filme sim, até porque sabemos que é difícil uma adaptação ser fidedigna e manter a qualidade do livro sempre. Se você nunca leu, vai ser uma experiência legal, vai dar pra entender, embora em alguns momentos demore um pouco e você provavelmente nem vai notar muitas das coisas que eu falei. Se você leu o livro, talvez você se incomode em função das diferenças da narrativa, mas ainda é legal ver o olhar do diretor e o final alternativo que os roteiristas arquitetaram. Enfim, estoura a pipoca e vai para a frente da TV que acho que, para a maioria do público, este é um entretenimento bem agradável.