Há quem diga que o assunto favorito dos escritores são eles mesmos. Por isso, neste dia do escritor, o Cantinho Geek selecionou algumas obras para te ajudar a entrar no mundo dos responsáveis pelas histórias que tanto amamos. Preparados para comemorar o dia do escritor com a gente? Tentamos sair um pouco do lugar-comum, evitando as obras que são mais comumente citadas nessas listas. Confira, então, nossa seleção de livros, filmes e até trilha-sonora sobre escritores e o processo criativo.




Possessão é um livro da autora inglesa A. S. Byatt. Ele foi lançado no Brasil em 1992 pela Companhia das Letras e, em 2002, transformado em filme por Neil LaBute. A história se passa em dois tempos diferentes: na Inglaterra Vitoriana e também na moderna. A maneira como a trama é construída, misturando pistas em arte para investigação, provavelmente inspirou a febre do início dos anos 2000, que teve seu boom com Código Da Vinci (Dan Brown). Maude Bailey (Gwyneth Paltrow) e Roland Michell (Aaron Eckhart) são estudiosos de literatura que pesquisam respectivamente os poetas vitorianos Christabel LaMotte (Jennifer Ehle), uma escritora feminista, entusiasta de fadas e melusinas, e Randolph Henry Ash (Jeremy Northam), um poeta mais romântico. Através de pistas em seus textos e do rascunho de uma correspondência encontrada por acaso em um dos antigos livros de Ash, os estudiosos descobrem um vínculo até então desconhecido entre os escritores. A escrita de A. S. Byatt é muito gostosa e versátil. A maneira como escolheu contar a história é interessantíssima: além da narrativa em terceira pessoa, o livro ainda inclui obras dos dois escritores e as correspondências trocadas por eles, além de trechos do diário da esposa de Ash. Vale lembrar que os escritores são fictícios, mas A. S. Byatt. é talentosa o bastante para dar vozes diferentes para cada um deles, o que os torna muito palpáveis durante a leitura. A versão cinematográfica também conta com a participação de Lena Headey (a Cersei de Game of Thrones) interpretando a pintora Blanche Glover, companheira de Christabel LaMotte.




Esta obra de Sylvia Plath foi duas vezes adaptada para o cinema (1978 e 2018) e, apesar de ser considerada uma ficção, é quase uma autobiografia da escritora norte-americana. Seguimo Esther Greenwood desde seu estágio em uma famosa revista de moda, até os problemas com os quais ela tem que lidar. Sylvia é mais conhecida por sua poesia, sendo este livro sua única incursão conhecida na narrativa. Além da escrita, a obra aborda temas como relacionamentos, depressão, ansiedade e a situação nada favorável dos hospitais psiquiátricos dos anos 60. É uma leitura simples e muito indicada, que conta com várias versões em português. A mais recente é a da Biblioteca Azul.




F. Scott Fitzgerald é um autor americano, mais conhecido por obras com adaptação para o cinema como O Grande Gatsby e O Curioso Caso de Benjamin Button. O autor é tem a fama de inserir fatos da própria vida ao lado da esposa, Zelda Fitzgerald, em muitas de suas histórias. O que possivelmente acontece também em Os Belos e Malditos, já publicado no Brasil pela L&PM Pocket e pela Bestbolso. No romance, o jovem Anthony se apaixona por Gloria, a mulher dos seus sonhos. Anthony é o herdeiro presuntivo de um avô milionário, formado em Harvard e boêmio, mas sonha em ser escritor. Gloria, uma mulher maravilhosa e cortejada por diversos rapazes, é muito mimada e caprichosa, e entre seus caprichos, diz que gostaria de atriz de cinema mudo. Juntos, ambos tentam correr atrás de seus sonhos na Nova York dos anos 20 e se deparam com algumas das dificuldades da vida adulta. Fitzgerald tem uma escrita quase poética, mesmo que seus romances tenham a tendência de ser um tanto ácidos ao se referir ao círculo que ele mesmo frequentava.



Este lançamento da Harper Collins Brasil vai contar com uma resenha mais ampla aqui no blog em breve, mas não poderia ficar de fora da nossa lista! As Elizas é um suspense de Sara Shepard (Pretty Little Liars) que prende nossa atenção e enche de curiosidade a respeito do que realmente está acontecendo com a protagonista. A estrutura me remeteu vagamente a Possessão  (citado acima), com trechos do livro da protagonista alternados com acontecimentos misteriosos da vida da autora. A leitura prende e é impossível não se afeiçoar por alguns dos personagens, mesmo que você não tenha certeza em quem pode confiar ali.



Este é, na verdade, um conto do paulista Rob Gordon, um dos fundadores do já famoso Podcast Gente que Escreve. O título já diz bastante sobre o tema. Além de abordar a inspiração, o texto conta com ótimas reflexões sobre a relação de um autor com seu público e vice-versa. A leitura vale a pena muito a pena e o texto está disponível apenas na Amazon. Para quem tem Kindle Unlimited, a leitura é gratuita!

Como bônus, ainda podemos citar:

  • O Iluminado (Stephen King)
  • Máquina de Pinball (Clara Averbuck)
  • Misery (Stephen King)
  • Jane Austen, A Vampira (Michael Thomas Ford)
  • As Horas (Michael Cunningham)





Com Elle Fanning no papel-título, Mary Shelley aborda parte da vida pouco convencional da autora de Frankenstein. Apesar de viver na Inglaterra Vitoriana, Mary era filha de uma autora feminista e foi fruto de  um relacionamento poliamoroso, o que na sociedade na qual vivia, a estigmatizou por toda a vida. O filme ainda dá algumas pistas de como ela pode ter encontrado inspiração para sua obra mais célebre. O roteiro também passa pela lendária viagem onde Mary, o companheiro e também escritor Percy Shelley (Douglas Booth), Lord Byron (Tom Sturridge) e Polidori (Ben Hardy) começaram a desenvolver algumas de suas obras como parte de um desafio. Nesta noite, duas obras de terror lendárias nasceram: O Vampiro (iniciado por Byron e finalizado por Polidori) e Frankenstein.


Um clássico do diretor francês, Lua de Fel é um filme que pode ser de difícil digestão para alguns espectadores. Na trama, dois casais se conhecem em um cruzeiro. No decorrer da viagem Oscar (Peter Coyote), um homem maduro, milionário e aspirante a escritor, conta a Nigel (Hugh Grant), rapaz mais novo e gentil, como conheceu sua jovem esposa, Mimi. O romance de Oscar e Mimi é narrado pelo escritor para o seu público de um homem só, como se, assim, pudesse enfim desenvolver sua obra prima jamais escrita. Lua de Fel é uma mistura de drama e suspense, com pitadas de romance. É aconselhável para maiores de 18 anos e que não sejam muito sensíveis.


Figura polêmica, o Marquês de Sade (Geoffrey Rush) passou os últimos anos da sua vida preso em uma cela de manicômio. Ainda assim, seu impulso pela escrita o consumia. Mesmo quando lhe tiram todas as penas e papéis, ele busca formas de desenvolver e publicar seus textos. O filme pode não ser indicado aos mais sensíveis, já que o Marquês é conhecido por temas como sexo e sadomasoquismo. O elenco ainda conta grandes nomes como Kate Winslet (Titanic), Joaquin Phoenix (Her), Michael Caine (O Grande Truque) e Stephen Moyer (True Blood).




A origem da Mulher Maravilha é mais curiosa do que pode parecer. Originalmente formado em psicologia e professor da Harvard William Moulton Marston acaba afastado de seu emprego na faculdade. Enquanto tenta ainda desenvolver uma de suas teses, William se inspira no bondage e nas mulheres com que mantém uma relação poliamorosa (interpretadas por Rebecca Hall  e Bella Heathcote) para criar a maior heroína feminina de todos os tempos.




A cinebiografia da autora francesa Violette Leduc (Emmanuelle Devos) retrata a vida difícil da autora depois da guerra, lidando com problemas psicológicos em uma sociedade pós-guerra. O filme é um drama, que ainda aborda o relacionamento excêntrico de Violette com sua editora, Simone de Beauvoir (Sandrine Kiberlain) e a necessidade de buscar aceitação como pudesse.

  • Outros filmes que podemos citar são:
  • Em Busca da Terra do Nunca (Marc Forster, 2004)
  • Amor e Inocência (Julian Jarrold, 2007)
  • O Iluminado [lembrando que o King odeia a versão do Kubric, então indicamos a que ele mesmo produziu] (Mick Garris, 1997)
  • Uivo (Rob Epstein & Jeffrey Friedman, 2010)
  • Geração Prozac (Erik Skjoldbjærg, 2001)
  • Mistérios e Paixões (David Cronenberg, 1991)
  • Crepúsculo dos Deuses (Billy Wilder, 1950)
  • Sem Limites (Neil Burger, 2011)



Um musical sobre a independência dos Estados Unidos pode não ser exatamente o que você tinha em mente para essa lista, mas Hamilton tem músicas maravilhosas sobre a escrita. Alexander Hamilton era, acima de tudo, um escritor e isso é abordado em diversas passagens do musical que virou febre no mundo inteiro desde seu lançamento em 2018. Trechos como o de Non-Stop que diz “Por que você escreve como se seu tempo estivesse acabando? Por que escreve por cada segundo da sua vida?” ou de Burn “Você me construiu palácios através de parágrafos, me construiu catedrais” comprovam a teoria.

Sunday in the Park with George pode até ser sobre um pintor, mas dialoga muito com o processo artístico, principalmente a inspiração, perfeccionismo e a necessidade de parecer único em alguma coisa. Você pode acompanhar esse vídeo da PBS no youtube que legendei para vocês (é só ativar a legenda no YT mesmo!) que fala justamente sobre inspiração e ser único em algo.
Em 2017 Jake Gyllenhaal interpretou George na Broadway e chegou a gravar um álbum do musical, que foi o que linkei no nome ali em cima! A adaptação teatral do filme sobre como J. M. Barrie criou Peter Pan foi sensação nos palcos da Broadway e do West End. Algumas das músicas falam sobre o processo de escrita e até mesmo sobre bloqueio criativo.
A montagem original conta com Matthew Morrison (Glee) no papel do autor J. M. Barrie. O roteiro é basicamente o mesmo do filme, abordando o relacionamento do autor com Sylvia Llewelyn Davies e seus filhos, porém, musicado. Pode ser uma ótima fonte de inspiração e, assim como os anteriores, está disponível no Spotify. Espero que tenham gostado das nossas dicas para comemorar o dia do escritor. Parabéns a todos vocês que fazem os leitores viajarem através das palavras!
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